quarta-feira, 10 de junho de 2020

O meu carro e o Jetta

Essa semana eu fui fazer um exame médico. Estacionei o meu carro na rua e logo à frente tinha Jetta. É um carro maravilhoso. Eu adoraria ter um daqueles. Olhei pra ele e dei um leve sorriso. Sabe aquele sorriso que você dá quando vê algo que lhe encanta? Pois é... Foi um sorriso desse.

Entrei na clínica, fiz o que tinha de ser feito e voltei pra meu carro, mas antes de chegar até ele, dei uma nova fitada naquele Jetta e decidi tirar uma foto pro blog pra gente poder trocar umas ideias sobre essa história A foto dos dois é essa aqui.


De 2015 a 2019 eu vivi uma situação de intenso endividamento. Naquela época, por conta de um acidente que deu pt, ficamos sem carro (em outro post falarei sobre o que fizemos com a indenização). Passamos 9 meses andando de ônibus e, em raríssimas exceções, de Uber.

No nono mês eu estava com 34 mil reais. Achei um KIA Cerato no OLX. O carro era lindo! Custava 44 mil reais. Peguei R$10 mil em um empréstimo consignado e em agosto de 2018 comprei o carro. Era exatamente esse da foto


Nos primeiros quinze dias era uma paixão. Eu testava cada recurso dele. Sempre que podia eu descia o pé no acelerador e fazia curvas bem sinuosas para testar a estabilidade da suspensão. Afinal, eu vinha de um Ford Focus hatch 2.0.

Conforme os dias foram passando, o Cerato foi perdendo a graça. Quando a ano virou, arquei com R$1.200,00 de IPVA. Pouco tempo depois precisei trocar dois amortecedores e meia dúzia de peças: R$2.300,00. Depois foram os pneus por R$784,00 o par. Ah! Também teve o seguro de R$3.767,42. O consumo de 8.5km/l (gasolina) também não me agradava.

Quando chegou em março de 2019 (7 meses depois da aquisição), eu parei para refletir. Comecei lembrando o quanto eu gastava com ônibus: R$147,00 por mês. Já nesses 7 meses que fiquei com o carango ele me levou R$8.051,00, o que equivale a R$1.150,00/mês (sem contar a gasolina e a depreciação). Lembrei de uma peça que deu problema. A maldita custava R$7k!!!!!! Minha sorte foi o carro estar na garantia e cobrir a troca. Para terminar, lembro da grana que eu gastava frequentemente para desempenhar as rodas de liga leve que se empenavam nas avenidas de queijo suíço que eu trafegava. O desempeno de cada roda me custava R$120,00. Rapidamente cheguei à conclusão de que eu não precisava mais de um carro caro.

Fiz o anúncio dele por R$49k e vendi por R$48k (o cara se apaixonou pelo carro e eu lucrei R$4 mil). Com o dinheiro da venda eu quitei os R$10k do empréstimo, comprei um Ford Ka+ 2015 por R$30.100,00 e o resto da grana abati o financiamento do meu apartamento.

Saí de um aro 16 para um aro 14 com pneus mais em conta. Estou fazendo 10,5km/l na gasolina. O seguro do meu Ka+ me custou R$1.600,00 e o IPVA R$825,00. O Ka+ tem a mesma quilometragem do KIA, mas não me deu sequer uma dor de cabeça com troca de peças. Suas rodas são de aço com calotas, não de liga leve.

Quando olhei para aquele Jetta na rua, fiquei encantado, mas quando lembrei do quanto gastei com o meu Cerato... Só vinha o sentimento de repulsa.

A cada vez que eu abastecia, me batia um desânimo. Sério. Comecei a pensar porque eu queria aquela potência de motor para andar na cidade que limitava a velocidade a 60km/h. Eu viajava, mas era raro. Quando eu recebia o orçamento de um concerto, era uma tristeza, um arrependimento. Os valores do seguro e do IPVA eu sabia antes de comprar, mas fiquei me enganando pois pensava "mas ele é um excelente carro, vai valer a pena!". Descobri que não vale.

Para concluir, assim como admirei aquele Jetta, admiro os carros do condomínio onde moro, mas só admiro. Se um dia eu quiser sentir o prazer de dirigir um, eu alugo.

Por hoje é só.

10 comentários:

  1. Eu sou suspeito pra falar, pois encaro carro como um mero meio de transporte. Desde que seja funcional e seguro, está bom (ser bonito é ótimo, claro, mas não é essencial). Até ano passado eu dirigia um carro 2002 e troquei por um 2011 (por grande pressão da patroa; por mim eu tava com o 2002 até agora).

    Você está certíssimo em seu raciocínio matemático e de vida. Às vezes a gente demora a perceber o que vale mais a pena, mas a cada real a mais de patrimônio acumulado percebemos que um sonho duradouro como o FIRE é muito mais compensador que desfilar com um carrão.

    Abraço

    ResponderExcluir
  2. Eu adoro um carro bonito, confortável. Apesar disso, percebi que antes tem coisa muito mais importante. Daqui pra que o carro se torne uma prioridade, vai demorar muuuito, se é que um dia se tornará.

    Um grande abraço!

    ResponderExcluir
  3. Olá, Blog Menos do que Ganha! Tudo bem?

    Primeira vez aqui.

    Para pessoas do sexo masculino, vejo esta questão de gastos com carro uma espécie de droga.

    Fui viciado nisso por anos. Trocava de carro, quase sempre 0 km, a cada 1/2 anos. Se colocasse hoje na ponta do lápis quanto eu perdi com esta brincadeira, iria me afundar num tonel de Rivotril.

    Gosto de carros, de dirigir. Mas, com o passar dos anos, e o advento da maturidade, notei que precisava mudar. Eu ficava mal só de descobrir uma arranhado na pintura do carro.

    Hoje, tenho um carro comprado da Localiza seminovos, 2015/2016, e pretendo ficar com ele até quando der. Fiorino 1.4. Carro de baixa manutenção e com peças relativamente baratas, além de sofrer pouca desvalorização.

    É preferível gastar uns R$ 70,00 e sentar a bota por meia hora em uma corrida de kart. Mais racional, mais econômico, e mais prazeroso.

    No futuro, talvez até me desfaça do veículo se conseguir continuar trabalhando de casa.

    Sucesso.

    Abraço.

    Mente Investidora

    www.menteinvestidora.org

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Mente Investidora

      Obrigado pela visita.

      No auge do meu endividamento fiquei 9 meses sem carro. Eu e a esposa. Dava pra viver daquela maneira, mas com filho não dá certo, pelo menos pra mim.

      Ainda pretendo ter um carro bacana, mas adequado para a minha renda. Meu sonho ainda é um Focus, mas com a saída de linha eu preciso partir para outro amor hehehe

      Em tempo, meu carro também veio da Localiza. Acontece que eu comprei ele de uma pessoa e só descobri que tinha sido da Localiza quando fui pegar o documento. Aí era tarde, mas não me incomodou. Afinal, as locadoras cumprem rigorosamente as revisões e não tenho notícia de que usam peças paralelas.

      Obrigado pela visita e espero que o meu conteúdo lhe instigue a voltar mais vezes.

      Um grande abraço!

      Excluir
  4. É, realmente o Jetta é um carrão. Eu, particularmente, tenho preferência por Golf/Audi A3, carros com boa aceleração, boa dirigibilidade e ótima estabilidade (colam no chão, mesmo nas curvas).

    Nunca tive um carro próprio. Sei lá, nunca precisei comprar um carro ou nunca achei que seria um bom negócio. Acho que em determinadas cidades no Brasil, com trânsito caótico e acesso à transporte público sobre trilhos mais difundidos (tipo São Paulo e Rio de Janeiro), o uso de carro no dia a dia torna-se até penoso. Legal é dirigir por diversão, pegar uma estrada, sem trânsito.

    Mas, é evidente que na maior parte das cidades do Brasil o transporte público ou é inexistente ou é muito ruim, de modo que o carro acaba virando uma necessidade, um instrumento de transporte.

    Abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Como falei no comentário acima, eu e minha esposa experimentamos 9 meses sem carro. Foi tranquilo, mas com o nascimento da filha definitivamente é impossível.

      Você falou o Golf... Eu era amarradão por um, mas ali pelos 19-23 anos. Obviamente eu não tinha grana pra comprar. Me contentei com o Palio 2006 que minha mãe, fazendo milagre, comprou pra mim.

      Hoje, pra mim, o carro tem que ser um sedan. Repito: depois de filho a coisa muda. Ainda não me agradei dos SUVs e suas variantes pobres ou tops.

      Ainda sobre o sedan, quando eu fui comprar o meu KA+ eu organizei várias opções naquela faixa de preço em uma tabela. Uma das colunas era o tamanho do porta-malas. Hoje é isso que importa hehehe

      Um grande abraço, o Maximizador!

      Excluir
  5. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  6. Blog bom hein mano, adorei as postagens, parabéns... Gosto de textos assim, pé no chão e que nos ajudam a manter a lógica na hora de gastar dinheiro.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado, Estoico.

      A ideia é não dar um passo maior que a perna.

      Visitei seu blog e gostei. Troquei umas ideias lá nos comentários.

      Abração!

      Excluir

Por que no Brasil pagamos 3 vezes pela saúde?

O SUS é de graça, ou melhor, já está pago. Mesmo assim, somos obrigados a pagar por um sistema de saúde suplementar o qual chamamos de "...