segunda-feira, 11 de maio de 2020

Como foi o meu tratamento de choque para sair das dívidas

Casei com a minha atual esposa em 2015. Éramos jovens e inexperientes. Gastamos R$60 mil na nossa festa de casamento. Isso aconteceu mais por capricho meu do que dela. Estava tudo pronto para o casamento, mas um dia antes aconteceu uma tragédia financeira: minha renda líquida caiu 31%!

Nos endividamos. Acumulei 8 empréstimos de até 60 parcelas, uma dívida de 7,5 vezes o valor do meu salário. Pra piorar, eu tinha um total de 28 compras parceladas no cartão de crédito. A imagem abaixo é um print do meu contracheque na parte que mostra os empréstimos.




Minha esposa tinha vindo morar no estado onde eu vivia e por isso ainda não tinha emprego. Como se não bastasse, poucos meses depois de casados entrei em depressão e descobri que tinha alguns outros problemas de saúde além desse. Os gastos mensais com o tratamento beiravam os R$1.500,00.

Precisávamos dar um cavalo de pau no nosso modo de vida. Para começar, divulgamos o trabalho dela na Internet e com isso surgiu o primeiro cliente em home care. Depois ela conseguiu um emprego formal e manteve as duas atividades. Também passei a dar aula a R$25/hora. Isso não foi suficiente. Até que achei um blog chamado Valores Reais que tinha um post chamado "Tratamento de choque para quebrar o ciclo do endividamento". Depois dessa leitura absolutamente tudo mudou. Tomamos as seguintes ações:
  • Vedemos tudo que não fosse essencial: caixa de som bluetooth, fone de ouvido sem fio, kindle, milhas aéreas e máquina fotográfica profissional;
  • Nos mudamos de um flat todo mobiliado e com empregada doméstica para um apartamento de 50m2;
  • Como os móveis vinham de longe (compramos na Internet), dormimos muitas semanas em um tapete e numa rede. Depois que chegou o sofá-cama, passamos a dormir nele. A cama demorou mais de 3 meses para chegar.
  • Nós mesmos montamos os móveis: o rack da TV, o centro de mesa, o guarda-roupa;
  • Passamos a buscar promoções na Internet para revender localmente no OLX;
  • Trocamos a operadora do plano de saúde para o plano mais barato possível;
  • Passei a deixar o carro em casa para ir de ônibus ao trabalho;
  • O chuveiro elétrico e ar-condicionado foram proibidos;
  • Parei de pagar o plano de saúde da minha mãe e irmã. Ela mesma passou a pagar;
  • Paramos de comer fora e de pedir delivery;
  • Cancelamos as assinaturas do Netflix e do Spotify;
  • No supermercado trocamos TODAS as marcas de produtos por equivalente mais baratas;
Pois bem, senhores. Em junho de 2019 pagamos a última parcela do último empréstimo. 

Essa tempestade transformou os nossos hábitos. De lá para cá nos esforçamos para viver uma vida com menos: menos gastos, menos supérfluos, menos luxos. Até hoje guardo o cartãozinho do ônibus. Ele e uns contracheques com os descontos dos empréstimos consignados são o resquício material daquele tempo cujo cheiro ainda sentimos de tão recente que é.

O próximo desafio é quitar o financiamento imobiliário, mas essa história fica para um outro momento.

3 comentários:

  1. Olá! Achei muito bacana essa guinada que você deu, a determinação aplicada e a cumplicidade da esposa.
    Siga firme no propósito que em breve você estará contando seus milhões ao invés de dívidas.

    Abraço

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  2. Foi luta para conseguir sair daquela, mas aqui estamos. Sem uma dívida sequer. Nem compra parcelada no cartão. Carrinho quitado. Para fechar, só falta terminar de pagar o ap. Estou na luta!

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  3. Você deu realmente um "cavalo de pau" na vida e virou o jogo.
    Meus parabéns. Você e sua esposa foram muito guerreiros.
    Não é pra qualquer um, mudar o estilo de vida em prol de um bem maior. Vocês agora estão com a casca grossa, podem enfrentar o que for.
    Fenomenal. Tenho certeza que este post vai ajudar outras pessoas endividadas.
    Abraço.

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